O Sermão do Alto – Introdução
“23 Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. 24 E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou. 25 E da Galileia, Decápolis, Jerusalém, Judeia e dalém do Jordão numerosas multidões o seguiam.” (Mateus 4.23-25)
Introdução
E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, (1) Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a (2) curar os quebrantados de coração, A (3) pregar liberdade aos cativos, E (4) restauração da vista aos cegos, A (5) pôr em liberdade os oprimidos, A (6) anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. (Lucas 4.17-21)
O Pano de fundo para o Sermão do Monte – o contexto histórico pode ser definido em três blocos:
- Bíblico – está situado na íntegra apenas no Evangelho de Mateus.
Israel estava há 400 sem manifestação profética, Deus estava em silêncio.
Eles aguardavam o Messias, Jesus quebra esse silêncio e se manifesta.
Jesus veio primeiramente para as ovelhas perdidas da casa de Israel.
Qualquer judeu da época entenderia o que Jesus estava falando.
Deus já havia cumprido todas as suas promessas em Jesus.
O sermão do Monte mostra aos judeus a chegada de uma nova era.
- Político – Os israelitas esperavam um líder político. Seria um grande guerreiro que libertaria Israel e estabeleceria um reino de glória, libertando o povo do domínio dos romanos. Quando Jesus começou a curar e manifestar sinais e maravilhas despertou esse anseio no povo judeu. Jesus decepcionou as esperanças do povo ao fazer um discurso de reconciliação.
As reformas que Jesus estava propondo, era o coração do homem.
Jesus exaltou os pobres de espírito, …
Mt 25 – O meu reino não é deste mundo.
Se o Reino de Deus não é daqui, nós também não somos, embora estejamos aqui.
- Religioso – A religião era complexa, o cenário contava com 4 grupos religiosos. Os fariseus, os saduceus, os essênios e os zelotes. Podemos dizer haviam 4 igrejas.
- Os fariseus – era os tradicionais, a religião consistia na guarda da Lei, dos costumes acrescentados à Lei. Havia mais de 600 normas além da Lei Mosaica. Mc 7 – a tradição – zelavam pelos cerimoniais.
- Os saduceus – era a ala liberal da época. Ignorava a tradição e a Lei. Não criam em anjos, na alma, em milagres, eram liberais e libertinos, em vida eterna, consiste em viver o aqui e agora. Era helenistas.
- Os Essênios – a verdadeira religião consistia na separação total da sociedade, eram ascetas, viviam isolados, separados do convívio da sociedade. Deram origem aos monges, monastérios, etc. Valorizavam a piedade demonstrada pela separação do “mundo”. Na década de 40 foram descobertos os pergaminhos do mar Morto, escondidos pelos Essênios.
- Os zelotes – eram os ativistas radicais da época, queriam servir a Deus com suas armas. Queriam rebelião contra os invasores. Eram nacionalistas radicais.
Jesus com certeza não se encaixava em nenhum desses grupos. Todos eles não esperavam pela graça que Jesus trazia em seu sermão.
Devemos analisar o Sermão do Monte como quem observa para uma árvore sem esquecer de contemplar a floresta como um todo, a floresta não é apenas um conjunto de árvores, tem também o relevo, córregos, trilhas, etc.
O pregador: Jesus, o maior orador da história. Não há falhas no sermão, porque seu pregador é perfeito. É proclamador da Palavra de Deus.
A humanidade busca a felicidade – o pecado oferece a felicidade a qualquer custo.
O sermão do Monte indica um caminho de felicidade. Bem-aventurado ou feliz são aqueles que “são humildes de espírito”; “os que choram”; “os mansos”; “os que têm fome e sede de justiça”; “os misericordiosos”; “os limpos de coração”; “os pacificadores”; “os perseguidos”; aqueles que forem injuriados e perseguidos por causa de Cristo. (Mateus 5.3-12)
As bem-aventuranças são a descrição de como cada crente deve ser.
As bem-aventuranças não são características ou qualidades naturais.
Não há distinção entre religião, classes sociais, classes sacerdotais, etc.
O padrão é igual para todos, seja pastor, diácono, todo crente.
Espera-se que todos manifestem todas as qualidades descritas, ou sejam, sejam crentes integrais.
Jesus confronta cada um dos grupos políticos da época.
Embora, não justifico, mas reconheço que nem todos manifestam todas as qualidades esperadas nas bem-aventuranças.
Parece óbvio que cada uma das bem-aventuranças subentende a outra. Por exemplo, ninguém pode ser humilde de espírito, sem também “chorar com os que choram”, ou chorar sem ter fome e sede de justiça, sem ser manso e pacificador.
Somente a graça de Deus pode produzir as bem-aventuranças.
As bem-aventuranças não são para o mundo. Elas declaram explicitamente que os deleites do Reino não são para quem não O aceitou. O Reino de Jesus não é daqui, por isso parecem contraditórias!
A AUTORIDADE DE JESUS
JESUS ao sentar-se, assumiu posição de autoridade.
O Sermão começa com Jesus assumindo uma posição de autoridade, e termina com a audiência impressionada com sua autoridade!
“Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei” (7.28,29).
“Conforme Jesus prega essa mensagem do Reino e realiza muitos milagres de cura, vastas multidões começam a segui-lo. Entretanto, em relação a muitos adoradores, Deus diz: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15.8); semelhantemente, muitos daqueles que aparentam seguir a Jesus não são na realidade discípulos sinceros e adoradores verdadeiros. Jesus advertirá seus ouvintes sobre isso em breve, mas primeiro ele começa o Sermão descrevendo aqueles que entrarão no Reino dos céus.”
(Cheung, Vincent O Sermão do Monte / Vincent Cheung, tradução Felipe Sabino de Araújo Neto – Brasília, DF: Editora Monergismo, 2011. Versão Kindle)